Neste capítulo do livro “Preconceito lingüístico”,Bagno nos mostra de forma clara e objetiva,uma crítica àqueles que cultuam a norma culta e àqueles que não a domina.
Primeiro vamos conhecer o que é esse círculo vicioso proposto por Marcos Bagno. Ele é composto por três elementos: a gramática tradicional, os métodos tradicionais de ensino e os livros didáticos. Bagno costuma denominá-los de “Santíssima Trindade” do preconceito lingüístico,segundo ele, com todo respeito aos seus amigos teólogos. A pergunta é: como se forma esse círculo? Então temos a gramática normativa tradicional que inspira a prática de ensino e, por sua vez, provoca o surgimento da indústria do livro didático, cujos autores -fechando esse círculo-recorrem à gramática normativa como fonte de concepções e teorias sobre a língua.
Essa gramática tradicional continua firme e forte, como podemos verificar nas gramáticas mais recentes. Continua sendo abordada nas escolas, mas a tendência atual, a crítica dos preconceitos e o exercício da tolerância tem tornado o ambiente escolar mais respirável e democrático quanto a isso. O Ministério da Educação tem feito esforços para provocar uma reflexão sobre os temas relativos à ética e à cidadania, para estimular uma postura menos dogmática e mais flexível. Temos que esperar para ver em que medida esses esforços se refletirão na prática quotidiana, efetiva dos professores em sala de aula. Os parâmetros curriculares nacionais (PCN's) reconhecem que existe mesmo muito preconceito decorrente do valor atribuído às variedades padrão e ao estigma associado às variedades não padrão, consideradas inferiores ou erradas pela gramática. Para cumprir bem a função de ensinar a escrita e a língua padrão, a escola precisa livrar-se de vários mitos: o de que existe uma forma “correta” de falar, o de que a fala de uma região é melhor do que a de outras, o de que a fala “correta” é a que se aproxima da língua escrita, o de que brasileiro fala mal o português, o de que o português é uma língua difícil, o de que é preciso”consertar” a fala do aluno para evitar que ele escreva errado. Essas crenças produziram uma prática de mutilação cultural. O preconceito lingüístico, ao contrário dos demais preconceitos que sempre estão sendo atacados, continua, é aceito.
Mas nos perguntamos: se já existe uma mudança de atitude como vimos nas políticas sociais de ensino, por que o círculo vicioso do preconceito lingüístico continua girando? Bagno através dessa pergunta tira a conclusão de que não existem somente três elementos no círculo vicioso, e sim quatro, chamados de comandos paragramatais. Os comandos paragramatais são todo esse arsenal de livros, manuais de redação de empresas jornalísticas, programas de rádio e de televisão, colunas de jornal e de revista, cd-roms, "consultórios gramaticais” por telefone e por aí a fora. O que eles poderiam representar de utilidade para quem tem dúvidas na hora de falar ou de escrever acaba se perdendo por trás desse preconceito que envolve essas manifestações da (multi)mídia. Essas manifestações só fazem perpetuar as velhas noções de que “brasileiro não sabe português” e de que “português é muito difícil.
Por fim, os brasileiros, como falantes da língua portuguesa, não deveriam permitir que, por meio da mídia e de algumas pessoas de maior poder aquisitivo, o ser humano pudesse ser tão desvalorizado em sua principal condição: a de ser HUMANO social e Político.Nós somos a língua que falamos.
Mariane Pontes Frota
Ótimo resumo!
ResponderExcluirMaravilha!
ResponderExcluirMaravilha!
ResponderExcluirpreciso deste resumo, posso copiar?
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